Liderança – O Líder e a Esperança
Por Elenara Baís
Tema continuamente estudado por diferentes segmentos das ciências que buscam compreender o comportamento humano. Pode-se dizer que a liderança é um fenômeno, um mistério.
Há quem atribua as características perceptíveis no líder a fatores genéticos. Há os que acreditam na soma de fatores genéticos à formação e história do líder, ângulo mais amplamente aceito. Há quem afirme que a liderança é um destino ofertado por Deus a alguns escolhidos… Há ainda os que acreditam na hipótese reencarnacionista aonde tais características viriam sendo forjadas ao longo de muitas vidas… Por diferentes ângulos que se busque abordar o tema, parece que tende sempre a aproximar-se de uma dimensão maior e menos acessível à nossa compreensão de forma que, para explicar a liderança não há uma resposta absoluta. Ainda não se sabe se o líder nasce pré-destinado ou se pode se desenvolver pela força de sua vontade.
O fato é que, a grande maioria das pessoas, incluindo eu, e possivelmente você, tem a real necessidade de alguém que lhe aponte o caminho a seguir, em algumas áreas da vida ou em alguns momentos… Alguém que nos transmita a convicção de que existe um porto seguro, um rumo certo, que nos mostre como fazer melhor, que instale em nós a esperança de que também podemos conseguir… Este é o papel imprescindível do líder, seja em termos existenciais, seja no dia-a-dia na equipe de trabalho. Se o universo corporativo é exigente e dinâmico ou, se como diz o poeta, a vida vem em ondas, o líder é o que se equilibra sobre a prancha e ensina os demais a surfar e a aprender se divertir e se fortalecer com os movimentos do mar, para quem sabe, serem campeões também e ensinarem outros mais a surfar.
A figura do líder no ambiente de trabalho nunca foi tão valorizada desde o início da revolução industrial. É ele que faz a diferença nas empresas que se destacam porque é quem carreia os propósitos estratégicos da organização, quem dissemina e faz a capilarização dos valores do “cérebro” da empresa até os “vasinhos capilares mais distantes” – o que equivale dizer até a linha de produção, forjando uma cultura organizacional saudável, que retém as pessoas e as faz mais motivadas, criativas e produtivas. Nos dias atuais fala-se no líder servidor ou no líder coach, expressões da liderança que dizem respeito a um conceito que, de certa forma ainda desponta no universo de RH que é o “quociente de inteligência espiritual” que embora possa parecer, nada tem a ver com religião ou religiosidade. Trata-se da capacidade do indivíduo que se auto-orienta em direção a valores considerados elevados e que promovem o bem coletivo. É aquele capaz de servir por uma causa, de servir pelo bem. É quem se dispõe a amar pela alegria de ser útil aos valores que acredita e cultiva. Parece bastante filosófico não é mesmo? Porém é o que de fato faz a diferença nas organizações que mais crescem no mundo de hoje que felizmente busca integrar trabalho, vida e amor.
Faço parte do grupo que, afirma sermos todos a princípio, capazes de desenvolver competências de liderança. E aqui surgem três questões primordiais: Qual o motivo para se escolher desenvolver estas competências? Que competências serão estas? e Como se faz para desenvolvê-las?… Em relação à primeira lhe pergunto: Pode haver algo mais instigante e gratificante do que descobrir que somos capazes de desenvolver em nós habilidades que nem sequer suspeitávamos que poderíamos? Isto nos torna mais vivos e psico-emocionalmente saudáveis! De certa forma isto por si só já é um potencial de liderança e se relaciona diretamente com a segunda questão, quais competências desenvolver. Vamos começar pela busca de excelência pessoal, que contém em si um conjunto de diversas outras. Excelência pessoal porque líder é o que lidera primeiro a si mesmo. Liderar a si mesmo? Possível, mas não fácil! Começa pela capacidade de amar a si para depois amar ao outro… Amar a si e ao outro? Agora está parecendo mesmo religião! Mas não é. Estamos falando de liderança, do tipo que se busca hoje em todas as empresas. E, como fazer isto? Bem este é um assunto bem mais longo… E
que começa com uma escolha. Algo semelhante uma rotina de musculação que pela disciplina e constância desenvolve músculos fortes, uma espécie de “musculatura espiritual” capaz de mobilizar recursos em direção à capacidade de amar, esta sim, inata a todos os seres humanos!
Artigo Publicado na Revista Agente Elenara Bais é psicóloga, com formação em psicodrama e psicoterapia comportamental – Consultora de Recursos Humanos, palestrante e Diretora de Serviços do Instituto Vitória Humana